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29 de set. de 2011

RESENHA: Além do Planeta Silencioso


TÍTULO: Além do Planeta Silencioso (Out of the Silent Planet)
AUTOR: C.S. Lewis
Ficção-científica, teologia, fantasia; Editora WMF Martins Fontes; R$38,00 (Livraria Cultura) 

Além do Planeta Silencioso (Out of the Silent Planet) é primeiro livro da trilogia de ficção-científica conhecida como Trilogia Cósmica (ou Trilogia Ransom) escrita pelo irlandês C.S. Lewis (As Crônicas de Nárnia). Publicado pela primeira vez em 1938 o livro nos leva até Marte para falar sobre a tensão pré-Segunda Guerra Mundial.



A história acompanha o filólogo Elwin Ransom durante uma viagem como mochileiro pelo interior da Inglaterra que após não conseguir hospedagem em uma hotelaria busca abrigo em uma mansão no meio do campo e que para sua surpresa era de um velho conhecido da época de faculdade, Devine. Entretanto seu antigo colega o abriga com segundas intenções: antes de conseguir entender alguma coisa Ransom já se vê perdendo a consciência após ser drogado.

Ransom e Hyoi

Quando ele acorda descobre que foi sequêstrado por seu amigo e o comparsa dele, Weston, e agora está dentro de uma nave espacial à milhares de quilômetros de distância da Terra rumando a um planeta desconhecido. O poder de descrição de Lewis já nos surpreende quando esse descreve a arquitetura da nave, mostrando suas dimensões impossíveis e confusas.

Durante sua estadia obrigada na espaço nave Ransom descobre que Devine e Weston estão indo para este planeta para buscar "sangue do sol", que por lá existe em abundância. Só que para continuar garimpando o planeta os alienígenas pediram um sacrifício humano - e por isso Ransom era necessário nesta viagem. Após o pouso no planeta, na primeira oportunidade Ransom se vê em uma fuga pela estranha paisagem para se livrar da morte, quer seja pela mão dos seus sequestradores, quer seja pela mão dos alienígenas.

A descrição de Malacandra ("verdadeiro" nome de Marte) é surreal: uma explosão de cores - uma vegetação rasteira e rosa esbranquiçado que recobre toda a superfície sólida do planeta, lagoas imensas de águas quentes em um tom azul elétrico, "árvores" vermelhas-transparentes de troncos extremamente finos e gelatinosos que lá no alto se abrem em folhas gigantescas, montanhas de formar irregulares mais finas nas bases e maiores nos cumes.... Lewis não se esquece da física e constrói um mundo que de gravidade muito baixa em que a natureza não sente resistência em crescer para o alto em formar finas e delicadas.

Após um bom tempo tentando ir para o mais longe de seus sequestradores Ransom se depara com uma criatura intrigante: alta, coberta com um espesso pelo preto, com cara de foca e que produz sons articulados - uma criatura que fala. Uma língua desconhecida, mas fala. E para seu espanto uma criatura dotada de inteligência e amistosa. Essa criatura é um hross chamada Hyoi que leva Ransom para sua aldeia onde ele passa a viver.

 Uma ilustração de um hross. Não tão parecido com o que imaginei... principalmente os olhos.

Após alguns meses vivendo nessa aldeia Ransom já consegue compreender um pouco a língua dos hrossa e começa a tentar descobrir como é a política e a cultura desse mundo e, principalmente, quem eram os Sorns as criaturas para quem seus sequestradores o queriam entregar.

 Ransom tem muita dificuldade em entender como o governo de Malacandra funciona devido a enorme diferença entre o governo desse planeta e do seu planeta de origem, Thulcandra (para nós, a Terra). Malacandra é governada por um Oyarsa: uma criatura imaterial que não morre, não se reproduz e mantém as handras (planetas) em ordem. Cada handra possui um Oyarsa que obedece à Maleldil e controla os eldila (espécie de espíritos) e os hnau (criaturas materiais que pensam). Em Malacandra existe três tipos de hnaus: os hrossa, os séroni, e os pfifltriggi e as três espécies vivem em harmonia sem haver uma "hierarquia" entre elas: cada uma possui uma habilidade e todos veem as habilidades uns dos outros como complementares: os hrossa são belos poetas e músicos, os séroni são bons com coisas científicas: posição dos planetas e história, por exemplo, e os pfifltriggi são exímios em construir coisas. Os séroni sabem projetar utensílios complexos, mas precisam da habilidade dos pfifltriggi para construí-los e eles só conseguem se comunicar usando a língua dos hrossa - que é a mais desenvolvida devido a expressividade dela.

Um sorn.... carinha de camelo, né?

Certo dia um eldil visita a vila dos hrossa informando que Oyarsa deseja falar com Ransom e assim os hrossa se mobilizam para levar o forasteiro até Meldilorn, onde Oyarsa habita. É dito para Ransom como chegar a Meldilorn e assim começa a jornada dele até o local. Nessa viagem ele se encontra com um Sorn e aprende um pouco mais sobre a handra: Malacandra é um mundo muito velho e a vida nesse lugar já não é tão abundante como um dia foi - as criaturas que habitavam a harandras (superfície do planeta) já foram extintas e a vida agora só é possível nas handramit (vales).

Ao chegar a Meldilorn começa um interrogatório de Ransom e o mal entendido é desfeito: o Oyarsa que pertencia a Thulcandra se corrompeu e tentou se rebelar contra os outros e por isso foi aprisionado na órbita de sua própria handra e desde então não se sabia notícias desse planeta, e por isso seu nome: Thulcandra (Thulc: silencioso, (h)andra: planeta). Ao saber que habitantes de Thulcandra estavam em Malacandra, Oyarsa pediu para que os convocassem para que ele soubesse notícias do planeta e Wiston e Devine pensaram que eles queriam era um "tributo", um sacrifício.

Por fim, Devine e Wiston são capturados e levados até a presença de Oyarsa que pergunta quais são as intenções deles em Malacandra. Como os dois não sabem falar a língua direito, Ransom se torna um interprete de uma das passagens que fala sobre a natureza humana de uma maneira que nunca vi antes em nenhum outro livro.

pfifltriggi não tem só o nome estranho...

Lewis mostra como os serem humanos se tornaram podres, como nossas relações são gananciosas, como não respeitamos o próximo nem o meio ambiente. Além do Planeta Silencioso se mostra uma lição sobre o comportamento humano. 

O livro vale a pena ser lido. Já estou devorando a continuação, Perelandra e é tão bom quanto... mais um mundo surrealmente incrível. Dessa vez Ransom está em Vênus. Em breve farei a resenha dele também.

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E aí? O que acharam? É a primeira vez que faço uma resenha desse tipo... queria trazer uma coisinha um pouco diferente pro blog que ultimamente tem trazido só filme e música. Aproveito pra avisar que adicionei uma ferramenta para responder os comentários... aos poucos vou ir fazendo melhorias no blog.

9 comentários:

  1. Olá Salem, já tinha lido outras resenhas sobre esse livro,gostei muito da sua, agora a minha vontade de lê-lo só aumentou, parabéns pelo blog, vou aguardar a sua opinião sobre o próximo livro.

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  2. @Helmia Borges
    Olá Helmia,

    Muito obrigado pela visita e pelo comentário.

    O livro é bem gostoso, você começa a ler e quando menos percebe já chegou no fim.

    Perelandra está tão bom quanto. Acho que termino de lê-lo ainda hoje.

    abraços.

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  3. Lewis descreve com maestria a aventura de Ranson no misterioso planeta chamado Malacandra. Sua escrita torna-se poética ao reletar o espaço físico da paisagem e as indagações da personagem principal, o apelo filosófico é marcante nessa obra...

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  4. Resenha com gosto de quero mais, amei!

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  5. Um ateu que amam CS Lewis... interessante.

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  6. Li a trilogia. Acabei hoje o último da série: Uma força medonha. Incrível todos os três. Vale a pena serem lidos.
    Cheguei ao seu blog pelas ilustrações. Achei-as fantásticas. Parabéns!

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  7. Li todos os tês. Terminei hoje o terceiro livro da trilogia: Uma Força Medonha. Incrível como a manipulação da mídia pelo Inec é tão parecido com a manipulação da mídia hoje... Fantástica essa trilogia. Vale a pena ser lida!
    Cheguei ao seu blog através das ilustrações desse post. Achei-as incríveis. Parabéns.

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  8. Show de bola cara! Eu li, mas vim aqui pra vê as ilustrações excelentes.

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  9. Achei muito bem feita a resenha apesar de dar muito spoiler, as ilustrações estão fantásticas e me ajudou muito pois é a primeira ficção cosmológica que leio e fiquei um pouco perdido. Obrigado parabéns pelo ótimo trabalho...

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