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14 de nov. de 2011

RESENHA: Terra Morta: Fuga

TÍTULO: Terra Morta: Fuga
AUTOR: Tiago Toy
Terror, Ação, Ficção-científica; Editora Draco; 248p.
R$44,90 (livro físico), R$29,90 (e-book) (Editora Draco)

Terra Morta: Fuga - escrito pelo brasileiro Tiago Toy, Terra Morta narra a história de Tiago, um jovem que se vê de uma hora para a outra preso no caos de uma cidade lotada de pessoas descontroladas e sedentas por carne humana e para se manter vivo ele utilizada de sua coragem e técnicas de le parkour.


O livro acaba de ser lançado, mas para muitos a história não é tão inédita assim. Terra Morta começou como um blog a três anos atrás onde o autor ia postando os capítulos esporadicamente e a cada capítulo somando mais fãs ao ponto de em poucos meses o blog já ter uma legião de seguidores fiéis que persistentemente cobravam novos capítulos mal o último havia sido liberado. Com a história chamando tanta atenção assim não demorou muito para surgir a ambiciosa ideia de fazê-la virar um livro - o qual acabo de ler e agora resenho.

 Tudo começou com um blog...

AVISO: Na resenha faço um resumo completo da história... se não gosta de spoilers não prossiga

A história começa com Tiago, um jovem com seus vinte e poucos anos, preso dentro de um freezer enquanto as criaturas estão do lado de fora querendo um pedacinho dele... literalmente. E é nesse cenário já devastado de Jaboticabal, uma cidadezinha do interior de São Paulo, com defuntos apodrecendo pelas ruas que a história vai se desenrolar: um palco nada agradável para os personagens que não têm tempo para recuperar o fôlego correndo da morte que espreita a cada esquina.

O leitor também é convidado a não parar nem por um segundo, é jogado nessa situação e tem que correr com Tiago que, como narrador, cria um discurso em primeira pessoa no presente do indicativo de forma dinâmica fazendo os acontecimentos fluírem com um ritmo rápido e contagiante.

Após correr muito, Tiago chega ao ginásio da cidade e encontra a carismática Daniela, uma garota com mais ou menos a mesma idade de Tiago e que veio de uma cidade vizinha para participar de um campeonato de handebol e agora também se encontra presa nesse filme de terror - mas que não perde o bom-humor. Mesmo relutante Tiago concorda em ter a companhia da garota enquanto buscam uma saída da cidade. Depois de uma tentativa frustrada de conseguirem armas, uma tentativa de conseguir alimentos mal sucedida e uma tentativa de assassinado por bandidos na periferia da cidade os jovens esbarram em Ricardo, um adolescente de 16 anos que mantém a mãe-zumbi no porão de casa.

O próximo ato da história acontece quando o trio tenta escapar de Jabuticabal e são acolhidos em uma base militar improvisada nos limites da cidade. Lá eles são submetidos a exames médicos a fim de averiguar se estão contaminados e conhecem a doutora Abigail, que cruzará no caminho dos protagonistas diversas vezes no desenrolar da história.

Na base militar eles descobrem um pouco mais sobre o que está acontecendo. De acordo com Abigail o vírus não transforma as pessoas em mortos-vivo comedores de carne como dava a entender, mas "apenas" causa um tipo desregrado de raiva nas pessoas, que passam a atacar as outras "saudáveis" - no estilo do filme Extermínio (28 Days Later). Não muito é dito sobre o vírus o que me deixa muitas dúvidas e me pergunto se não tem alguma falha no enredo... ao meu ver, se as pessoas só adquirem uma incontrolável raiva, mas continuam suscetíveis às demais enfermidades que assolam a humanidade, após as duas semanas decorridas já não deveria haver quase nenhuma criatura pelas ruas, uma vez que a anemia, a desidratação e até mesmo a hemorragia daria cabo dos zumbis... deixei anotado essa observação para ver se haverá resposta no futuro.

Os zumbis da história serem "infectados" e não "mortos-vivos" é uma coisa que me agrada. Nunca gostei de morto-vivo rápido... simplesmente não consigo aceitar por diversos motivos: seja pelos tendões comidos ou danificados pela putrefação ou pelo rigor mortis. Zumbi morto não pode ser rápido. E levando em consideração que os zumbis de Terra Morta são maratonistas, se eles fossem mortos-vivos teria um sério desentendimento com o Tiago Toy.

A situação na base começa a ficar estranha e o trio decide que é hora de fugir, bem a tempo de ver o caos se instalando depois que a mãe-zumbi que Ricardo estava levando no porta-malas do carro escapou e começou a morder todo mundo. Fuga feita com sucesso o trio "acampa" em um celeiro de uma fazenda e por lá encontram uma zumbi surda e paraplégica... isso foi meio trágico e meio cômico. De volta à estrada eles vão até Araraquara, cidade natal de Daniela, que também foi destruída pelo vírus e agora está sendo esterilizada pelo exército. Com a confirmação da morte dos pais de Daniela o trio deixa a cidade em direção a capital São Paulo.

Para quem já seguia a história no blog a visita à cidade de Daniela foi uma ótima surpresa, uma vez que esse capítulo não existia anteriormente, sendo adicionado na revisão da história para o livro.

No caminho (o quanto de gasolina havia no tanque do gipe eu não sei, mas se não li errado em algum momento fala que havia pouca - isso antes de chegarem na fazenda) descobrem que estão sendo procurados pelo exército o que os fazem se esconderem em um posto de gasolina ao avistarem um helicóptero. Eles conseguem executar o plano e sequestram o helicóptero ganhando passe livre para a Grande São Paulo.

Quando tudo parece estar começando a melhorar, a situação piora. Todos os noticiários começam a mostrar a cara do trio informando que são fugitivos de altíssima periculosidade e que oferece-se recompensa pela cabeça deles. Assim eles tentam mudar de visual para passarem despercebidos na cidade e Ricardo contacta um amigo que oferece ajuda - bom de mais para ser verdade, a ajuda se revela uma cilada onde Ricardo é capturado, mas Daniela e Tiago conseguem fugir.
Tanto tempo juntos e tantas aventuras compartilhadas, os dois decidem que não podem abandonar Ricardo e armam mais um plano para descobrir para aonde o garoto foi levado.  Acionam a polícia e dão o endereço de onde os fugitivos estavam - pouco tempo depois chega os homens de preto que eles haviam visto capturando Ricardo que invadem o endereço dado por Tiago e Daniela. Como não havia ninguém lá os homens vão embora e são seguidos pela dupla chegando na base da LAQUARTZ e lá vêem novamente Abigail e decidem seguí-la. Mais uma vez, cilada.

Entre os capítulos vemos flash-blacks de Tiago em que é relatado como a infecção começou em Jabuticabal, os quais ajuda a conhecer um pouco mais do personagem, da histeria que o vírus causa e também dos mistérios que envolvem o protagonista e que de alguma forma está afetando Ricardo e Daniela. Nessa altura da história já percebemos que há alguma coisa diferente com Tiago... e é por isso que a doutora Abigail se mostra tão interessada no sobrevivente.

Dentro das instalações da LAQUARTZ, Tiago procura uma maneira de fugir dali, principalmente da maluca Doutora Abigail, que pretende fazer alguns experimentos nele. Ai aparece Lizzy para ajudar nosso protagonista, livrando ele de suas algemas. Tiago vai em busca de Daniela e depois os dois procuram por Ricardo. Infelizmente é muito tarde para o garoto que agora está infectado e aparentemente com uma variação do vírus ainda mais potente. E assim a infecção começa a se espalhar pela instalação e Tiago e Daniela, com a ajuda de Lizzy e Pooh, o parceiro da garota, tentam escapar da LAQUARTZ.

Se minha memória não está muito falha, aqui foi adicionado mais um evento que não existia quando a história era só no blog: em uma das salas do prédio Tiago e Daniela encontram uma criatura que não deve nada aos Tyrants de Resident Evil e que deixa a história muito mais interessante e nos deixa cheio de interrogações porque a criatura não é ninguém menos que o pai do protagonista. O mistério a respeito do que é que o Tiago tem de tão especial assim ferve na nossa cabeça.

A história termina com a infecção vazando as instalações da LAQUARTZ e se espalhando pela Grande São Paulo e também vemos os demais personagens que vão marcar presença no enredo daqui para frente. E é só fechar o livro e soltar a respiração.

Não posso esquecer de comentar sobre a arte do livro. Algumas páginas são em preto e branco resgatando o clima que existia no blog com as imagens de cenários destruídos e nos flash-backs a tonalidade da página também muda para cinza. Pequenos detalhes que ajudam a situar a história. Uma arte bastante sutil e de muito bom gosto... adoro quando as editoras pensam na estética do livro e não só no conteúdo.

Uma coisa que senti falta foi a trilha sonora... no blog podiamos ler com o fundo musical, no livro isso não é possível e o tratante do Tiago Toy não ajuda criando a playlist para a leitura. Tive que ler ao som de Linkin Park e Florence + The Machine... 

De acordo com o Tiago, o contrato é para que Terra Morta seja uma trilogia, embora ele crê que no fim seja cinco livros (mais uma HQ e uma coletânea de contos feito por fãs). Tive a inspiração para escrever sobre um poeta suicida e a ideia evoluiu de conto para um carta-suícida e a carta evoluiu para um poema-suicida... uma vez que estou tentando seguir alguma formalidade no poema (versos alexandrinos - 12 sílabas poéticas em cada verso; aliterações e assonâncias para reproduzir o som de vidro sendo quebrado e coisas do tipo) não está sendo nada fácil...

Terra Morta vale o preço e funciona como um ótimo presente (Natal está chegando!) - principalmente para adolescentes que não são chegados em leitura. Quem tem filho é uma oportunidade de tentar despertar o desejo pela leitura nele.

O próximo livro da série ainda não tem previsão de lançamento.

2 comentários:

  1. Ótima resenha, Salem!
    Gostei muito.

    Tô devendo mesmo o unnoficial soundtrack. Vou corrigir isso. \o

    E os "buracos" serão preenchidos no próximo, relaxe. ;)

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  2. Conhecia a história de Terra Morta do blog, aguardando para degustar o livro!

    Curti a resenha!

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